quinta-feira, 11 de outubro de 2007

"Os amantes mais tímidos do mundo"

Os chineses têm mais relações sexuais do que a média mundial, mas são muito tímidos para falar sobre o assunto com seus parceiros, diz uma matéria publicada nesta quarta-feira (10/10) no jornal China Daily, citando uma pesquisa feita pela marca de camisinhas Durex.

A média anual chinesa é de 122 vezes, enquanto a média mundial é de 103 relações sexuais por pessoa, por ano. Os brasileiros aparecem em segundo lugar no ranking mundial, com 145 vezes, atrás apenas dos gregos, com 164 vezes, de acordo com a pesquisa.

Na China, 44% dos entrevistados não falam como se sentem aos parceiros e não conversam sobre o que gostam na cama, o que coloca os chineses entre os "amantes mais tímidos do mundo".

Quatro em cinco casais chineses dizem terem relações sexuais toda semana, e 36% afirmam ter relações três vezes por semana ou mais. O mais interessante é que 70% disseram que não estão satisfeitos e que fariam mais!

A Durex disse ao China Daily ter entrevistado mais de 26 mil pessoas, de 26 países, entre julho e agosto do ano passado.


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Pano prá muita manga!

A timidez chinesa para o sexo tem bastante a ver com o tema do projeto do meu grupo para a aula de TV Documentary, que é o alto índice de abortos na China.

A idéia deste tema surgiu depois de uma conversa que tive com a Poka, minha companheira de quarto, sobre jovens e sexo. Enquanto eu tentava explicar como funcionam os relacionamentos no Brasil, ela me contava sobre a China.

Em certa altura ela comentou que sabe de muitas meninas entre os 19 e 25 anos que já fizeram um, dois, três, quatro ou cinco abortos.

Em nossas conversas, percebi que uma das diferenças mais marcantes entre brasileiros e chineses é o nível de informação sobre sexo e tudo o que ele envolve. Enquanto muitos de nós tivemos aulas de educação sexual nas escolas, assistimos a filmes e documentários e estamos acostumados com campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e do uso de camisinha, eles simplesmente não falam sobre nada disso.

Nada nas escolas, nada em casa, nada de campanhas. Muitos não sabem como usar uma camisinha, não gostam de usar ou sentem vergonha de comprar. Grande parte das meninas não sabe como funciona o ciclo menstrual, não tem conhecimento sobre pílulas anticoncepcionais, nunca falaram sobre sexo com os pais e nem mesmo falam sobre o tema com as amigas.

Acontece que acabam iniciando suas vidas sexuais mesmo assim - sem informações. Então engravidam! E abortam.

A isso soma-se a questão da política chinesa de apenas um filho por casal, que acaba por deixar clara uma incoerência: como ter apenas um filho sem informação sobre como controlar a gravidez? A "one child police", introduzida em 1979, por Deng Xiaoping, sem dúvidas acabou popularizando o aborto, que é uma prática legal na China.

E essa prosa ainda leva a outra: os casos de infanticídio e o chamado "aborto selecionado", pois a cultura chinesa dá preferência ao filho homem. E como só se pode ter um......

Os dados mais recentes divulgados pelo governo chinês são de que há cerca de 110 - 111 meninos para cada 100 meninas na China, enquanto a média mundial é de 105-107 meninos para cada 100 meninas, segundo minha professora de Economia de Macau aqui na Universidade.

Agora, eu e meu grupo de "TV Documentary" (Antonio, a cabo-verdiana Marcia, o timorense Francisco e a chinesa Jiemmy) estamos atrás de uma personagem para nosso projeto. Até dezembro temos que produzir um documentário de 15 a 20 minutos. Espero colocar aqui na internet depois de pronto.


Bom dia, Brasil, que estou indo dormir!

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