quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"Red China, Green Line" (Xinhua)

China vermelha, linha verde!

Essa manchete é da agência oficial chinesa Xinhua, que na sua cobertura do 17o. Congresso Nacional do Partido Comunista, que começou na segunda-feira, em Pequim, tem dado bastante destaque para os discursos políticos que chamam a atenção para o meio ambiente.

Muito bom que seja assim, seria muito feio para a China, que é o segundo país mais poluente do mundo, atrás só dos EUA, não demonstrar intenção de tomar medidas ambientais durante este evento que é o mais importante do país e que está sendo acompanhando pela mídia de todo o mundo.

"Nós vamos promover uma 'cultura da conservação', basicamente através do uso eficiente da energia e da formação de uma estrutura industrial amiga do meio ambiente, padrão de crescimento e modo de consumo", disse o presidente chinês Hu Jintao na segunda-feira, segundo a Xinhua.

O "verde"está entrando na moda na China. Estrelas de cinema estão aparecendo em canas de TV para promover sacolas e bolsas feitas de algodão ao invés de plástico e os jornais todos estampam as novas medidas que o chamado State Environmental Protection Administration (SEPA) tem tomado contra os poluidores, diz ainda a agência.

A íntegra da matéria está em: http://news.xinhuanet.com/english/2007-10/17/content_6892782.htm

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Ilha do Jogo - parte 1

A partir de agora, todos os posts relacionados com os cassinos de Macau serão parte de uma série que vou chamar de "Ilha do Jogo".

Conforme eu prometi, aqui está o desenho da distribuição dos cassinos:
Oficialmente, considera-se que há 26 cassinos em Macau. Mas os dados mais recentes já incluem outros três:

Um da parceria entre a filha do magnata Stanley Ho, Pansy Ho, e o grupo norte-americano MGM, um outro do grupo Galaxy, e o Venetian, que foi inaugurado em agosto e ainda não entrou nas contas oficiais.

Só para completar, Laurence Ho, parceiro do grupo australiano Melco PBL, também é filho do Stanley Ho, que, por sua vez, é o "big boss" da SJM, Sociedade dos Cassinos de Macau, o grupo com maior operação aqui na "ilha do jogo".

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Reunião do Partido Comunista Chinês

Começa nesta segunda-feira, em Pequim, o 17o. Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês. No domingo, o porta-voz do partido, Li Dongsheng, deu indicações acerca do encontro.

Li disse, por exemplo, que o partido dará continuidade às reformas políticas, mas nunca seguirá o modelo de democracia do Ocidente, segundo informaçõe da agência oficial chinesa Xinhua.

O congresso reúne cerca de 2,2 mil delegados que, entre outros trabalhos, elegerão o comitê central do partido.

Mais notícias em:

1) China Daily
http://www.chinadaily.com.cn/china/2007-10/15/content_6173477.htm

Political reform 'will be pursued'
By Wu Jiao (China Daily/Xinhua)

The nation will continue to push for the reform of its political system but will not copy Western models, a Party spokesman said Sunday.

Li Dongsheng, spokesman for the 17th National Congress of the Communist Party of China (CPC) - which begins today in Beijing - said the meeting will set out a blueprint for reforming political institutions.

"We will continue to forge ahead with political reform in line with the guidelines to be spelt out," he told a press conference on the eve of the five-yearly congress.

2) Xinhua
http://news.xinhuanet.com/english/2007-10/14/content_6880208.htm

Spokesman: China's Communist Party to have new central leadership

BEIJING, Oct. 14 (Xinhua) -- The upcoming 17th National Congress of the Communist Party of China (CPC) will elect a new Central Committee and a new Central Commission for Discipline Inspection, congress spokesman Li Dongsheng said here Sunday at a press briefing.

3) BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/10/071014_china_democracia_pu.shtml

China rejeita democracia ao estilo ocidental
Por Michael Bristow, de Pequim

Uma autoridade do governo chinês disse neste domingo que a China perseguirá reformas políticas, mas nunca terá uma democracia ao estilo do Ocidente.

A declaração foi dada por um porta-voz do Partido Comunista Chinês (PCC), Li Dongsheng, às vésperas da abertura do seu Congresso, que acontece a cada cinco anos.

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Notícias oficiais, em tempo real:
http://english.cpcnews.cn/


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domingo, 14 de outubro de 2007

Um final de semana em Macau


Todos os finais de semana em Macau são iguais, não por isso chatos, muito pelo contrário, são cheios de surpresas.

Para mim, o final de semana é prolongado, começa na sexta-feira! Minha última aula da semana é na quinta de noite (Mandarim) e os artigos "Da China para o Brasil", na Macauhub, são publicados na sexta-feira de manhã, então também não trabalho na sexta de tarde.

Normalmente acordo tarde, por volta de 9h30, 10h. Mas nesta sexta, levantei às 10h30 e meu final de semana começou com um Café Pelé delicioso - o Antonio troxe do Brasil para a gente servir na Semana Internacional da Universidade de Macau (de 8 a 12 deste mês), mas sobrou um pouco e ele me deu.

Peguei meu computador, a bandeira do Brasil, uns textos da faculdade e fui para a área da Semana Internacional montar o stand brasileiro. Eu e o Antonio tínhamos que falar sobre o nosso país e sobre a FEA para os estudantes interessados em fazer intercâmbio. Na verdade, não foram muitos os que pediram informações, me parece que os jovens daqui preferem ir para a Europa ou ir para outras cidades chinesas. E a FEA tem um agravante: apenas dois cursos em inglês. Aqui na Faculdade de Negócios, Administração e Economia da Universidade de Macau quase todos os cursos são em inglês.

Depois da missão cumprida, fui a Macau colocar alguns postais no correio e passei no restaurante da Maria - brasileira que vive aqui há 17 anos e que fez uma feijoada de verdade para eu e o Antonio servirmos na universidade - para devolver uma tupperware. De lá, voltei pra Taipa para jogar squash. Minhas aulas são às terças e sextas das 18h as 20h, mas cheguei um pouco antes e joguei algumas partidas contra o Damian (belga), Alex (francês) e Antoine (belga).

Depois da aula (em cantonês), tomei um banho e fui jantar com os filipinos, as portuguesas e o Antonio. A gente já experimentou quase todos os restaurantes chineses da Taipa e, nesta sexta, repetimos o Village, que não é tão sujo, tem o preço razoável e a comida é gostosinha.

De lá pegamos um táxi para o Venetian. Depois de entrar em várias lojas, ver um ator cantar "O Sole Mio" em uma das gôndolas, fomos para a área do jogo. Sentamos na mesma mesa de roleta eletrônica de sempre, colocamos nossos 100, ou 150 Hong Kong Dólares (cerca de R$ 25 a R$40) e começamos a pedir as bebidas. É sempre assim. Desta vez ganhei menos, mas ganhei.
A noite ficou mais empolgante depois que o Kristian (filipino, namorado da Tori) encontrou seu amigo Rick, um australiano endinheirado passando férias no Venetian. Começamos a acompanhar as jogadas do nosso "novo amigo".

Muito diferente da gente (que não se atreve a jogar mais que 100 HKD), ele jogou logo 500 HKD na roleta eletrônica. Perdeu tudo, depois ganhou 600, depois perdeu de novo, perdi as contas, mas em 10 segundos ele ganhou por volta de 300. Mas isso não foi nada, porque na roleta de verdade, ele chegou e jogou 20 mil na mesa.

Não fiquei até o final para ver se ele saiu perdendo ou ganhando, mas é por essa e tantas outras como essa que eu gosto do Venetian.

Gosto de observar o comportamento dos jogadores, a maioria chineses, e fico tentando entender porque eles ficam horas e horas ali perdendo dinheiro. E não são poucos, são muitos jogadores, não dá para saber quem é rico, quem não é tão rico assim, ou quem é pobre. Mas dá pra ver que os mais jovens, com jeito de estudante, são os únicos que estão ali só por farra, e que conseguem se divertir de uma forma saudável. Talvez também alguns dos idosos, mas tenho uma sensação bem negativa em relação às motivações dos jogadores entre os 30 e 55 anos.

O jogo mais popular nos cassinos daqui é o Baccarat, que foi lançados no final dos anos 1930, quando as famílias Fu e Ko tinham licenças exclusivas para operar o jogo em Macau.

--- INDÚSTRIA DO JOGO EM MACAU ----

Vale agora uma pequeno parágrafo sobre a história dos cassinos macaenses:

A indústria do jogo em Macau começou por volta de 1840, depois da Guerra do Ópio. Em 1860, já haviam mais de 2000 casas de jogo por aqui. Em 1937 as famílias Fu e Ko receberam licenças exclusivas e em 1962 a Sociedade de Turismo Diversoes de Macau (STDM) ganhou uma franquia das famílias Fu e Ko para poder operar. Grupos estrangeiros começaram a negociar para conseguirem entrar no setor e em 2001 o governo de Macau decidiu permitir 3 licenças.

Hoje a STDM, do Magnata Stanley Ho, chama-se Sociedade de Jogos de Macau S.A. (SJM) e é o maior grupo da cidade, e detém, entre outros, o Grand Emperor Hotel, que guarda a curiosidade de ter parte de suas ações minoritárias nas mãos do ator chinês Jackie Chan.

Os principais concorrentes da SJM são o grupo Sands - que é do norte-americano Las Vegas Sands, e que controla os cassinos Sands e o gigante Venetian -, o Galaxy, o Wynn e MGM. Dois destes são participados pelos filhos de Stanley Ho. Estou fazendo um gráfico para mostrar direitinho como estão distribuídos os cassinos e assim que estiver pronto eu posto aqui no blog.

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Voltando ao final de semana, depois no Venetian voltei para casa por volta de 2h30 e no sábado de manhã fui para Macau com a Poka. Foi um dia delicioso: sem sol, sem chuva, um pouco de vento, mais um pouco de cultura chinesa, um pouco de compras e sorvete esquisito de vegetais e feijão.

O mais especial foi encontrar um senhor vendendo um doce colorido que eu não sei o nome, porque não consegui memorizar em chinês e a Poka não sabe se existe um nome inglês para ele. Ela disse que costumava comer quando era bem pequena e que não via alguém vender há uns dez anos. Paramos no carrinho, ela comprou um para mim, um para ela e, enquanto comíamos, um monte de gente começou a aparecer para comprar.

Eu quis esperar todo mundo ir embora para tentar conversar com o senhor. Queria aproveitar que tinha uma interpréte! Mas logo na primeira pergunta (Há quantos anos o senhor vende esse doce aqui em Macau?), uma frustração: ele só falava cantonês.

Então a única coisa que posso escrever sobre esse senhor é que ele é de Macau ou Hong Kong, pois em nenhum outro lugar do mundo se fala essa língua louca que é o cantonês. E também posso dizer que o senhor aparentava uns 80 anos, era tímido e tinha um carrinho bem legal: com várias fotos do próprio carrinho, algumas bem antigas, uma foto de um jornalista de alguma rede de televisão fazendo uma entrevista com ele, algumas notas de dinheiro antigas e os ingredientes para o doce.

O sabor é gostoso, é um melado doce, nada mais. Este senhor servia o melado em um palitinho, com dois biscoitos cracker, um por cima, um por baixo.

Depois do doce passeamos no Largo do Senado - um calçadão com diversas lojas e fast foods, incluindo McDonalds, Starbucks e Pizza Hut - e depois voltamos para casa.

Cheguei em casa, o East Asia Hall, e deitei para descansar meia hora. Dormi duas horas e meia.
De noite encontrei o Denis, um brasileiro que é professor de Direito na Universidade, e mais dois jornalistas brasileiros que chegaram ontem a Macau. Foomos jantar em Coloane com vários brasileiros e portugueses, a maior parte deles professores.
Hoje, domingo, acordei, lavei umas roupas, arrumei o quarto, estudei, almocei, estudei de novo e postei no blog. Mais tarde talvez encontre uma turminha para jantar.

Espero ter conseguido criar uma idéia de como é um final de semana aqui em Macau. Nem todos são iguais, mas não são muito diferentes deste. Entre as variáveis mais comuns estão uma ida a Zhuhai, um jogo de squash, uma missa na Vila de Taipa e um almoço ou jantar diferente.

Bom dia pra vocês no Brasil, que agora vou jantar!

Economia da China: reservas bancárias, inflação, excedente comercial

Ontem a Bloomberg publicou um artigo sobre o aumento da taxa de depósitos que o governo chinês exige que os bancos mantenham em reserva. O texto é um pouquinho longo, mas mostra alguns outros aspectos da economia chinesa hoje. Vale a pena ler! Em inglês, está no site da Bloomberg http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=aBh82uFocfVM&refer=home
(Críticas e sugestões para a tradução do texto são muito bem-vindas!)

China exige maiores reservas aos bancos

Oct. 13 (Bloomberg) -- China elevou a proporção de depósitos que os bancos têm que manter em reserva pela oitava vez este ano, para arrefecer especulação em ações e no mercado imobiliário e refrear a inflação, que tem sido a mais veloz nos últimos dez anos.

A partir de 25 de outubro os bancos precisam de ter 13% dos depósitos em reservas, contra 12,5%, disse o Banco do Povo Chinês (People's Bank of China) em seu website. A porcentagem exigida é a mais elevada em quase uma década.

Sete aumentos nas reservas obrigatórias e cinco de elevações no juro este ano podem não ter sido suficientes para interromper a expansão maior que 11% da economia chinesa no terceiro trimestre, deve revelar um ralatório governamental na próxima semana.

Enormes exportações têm bombeado dinheiro nesta que é a economia de crescimento mais rápido do mundo, impulsionando a inflação e os mercados de ações e imobiliário.

“Eles estão claramente preocupados com a inflação, porque ela saiu do controle”, disse Dariusz Kowalczyk, chefe estrategista investimento em CFC Seymour Ltd. em Hong Kong. A inflação “cria bolhas em ativos pois, quando é alta, poupar dinheiro pode não fazer sentido para as pessoas, elas preferem investir em imóveis ou no mercado de ações”.

Os preços ao consumidor na China subiram 6,5% em agosto, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o maior salto desde dezembro de 1996. A taxa violou a meta do governo, de 3%, pelo quarto mês consecutivo, com o aumento dos custos dos alimentos. A inflação foi motivo de protestos que levaram à repressão na Tiananmen Square, a Praça da Paz Celestial, em 1989.

O superávit comercial da China saltou 56% em setembro, segundo informações oficiais divulgadas na última semana, para US$ 185,65 bilhões para os primeiros nove meses do ano, mais do que os US$ 177,5 bilhões de todo o ano passado.

Oferta de moeda

A oferta de moeda e crédito está aumentando porque o governo quer manter o iuan depreciado, forçando o banco central chinês a verder moeda e bombar dinheiro para o sistema bancário. Parte deste dinheiro está encontrando seu caminho em ações, empurrando o Índice CSI 300 para uma valorização de 181% este ano. A oferta de moeda cresceu 18,5% em setembro.

Na próxima semana o governo chinês deve anunciar um crescimento de 11,5% da economia chinesa, a quarta maior do mundo, no terceiro trimestre, de acordo com a média das estimativas de 14 economistas consultados pela Bloomberg News.

De 20 mil famílias entrevistadas para o relatório trimestral do banco central chinês divulgado em 20 de setembro, um recorde de 61,3% disseram que esperam que a inflação vá acelerar no quarto trimestre.

As expectativas para a inflação

“A inflação é uma prioridade para os tomadores das decisões políticas porque na China não é apenas um problema econômico, mas também um risco político”, disse Chris Leung, economista sênior do DBS Bank Ltd, em Hong Kong. “O governo chinês quer uma "sociedade harmoniosa", mas como é que podem ter um com os preços subindo?”

A inflação está aumentando os riscos de agitação social. Enquanto isso, o Partido Comunista se prepara para o seu 17o Congresso Nacional, um encontro que acontece a cada cinco anos. A edição deste ano começa na próxima segunda-feira, 15 de outubro, e irá discutir e implementar mudanças nas lideranças políticas do país.

China tomou outras medidas para combater alta dos preços

Todos os preços regulados pelo governo foram congelados até ao final do ano e o Estado tem reforçado o abastecimento de grãos, vegetais e suínos. O banco central chinês também tem vendido notas para retirar dinheiro do sistema financeiro.

Poupanças

Preços de ações e de imóveis subiram com as famílias tirando dinheiro de depósitos bancários com baixos rendimentos. A poupança doméstica caiu 41,8 bilhões de iuan (US$ 5,56 bilhões, R$ 9,96 bilhões) em agosto, em relação ao mês anterior. Os preços de imóveis saltaram 20,8% em Shenzhen e 12,1%, em Pequim em agosto.

China tem resistido a apelos dos Estados Unidos e da Europa para deixar que sua moeda se fortaleça a um ritmo mais rápido, o que poderia baratear as importações e aliviar a pressão sobre os preços domésticos, além de contribuir para conter o aumento do excedente comercial.

O iuan ganhou 10%, para 7,51 frente ao dólar, desde o fim da taxa de câmbio fixa, em 2005.

“A não ser que a China permita o aumento da taxa de câmbio, estou preocupado com a estabilidade do sistema econômico, disse o ex-chairman do Federal Reserve, Alan Greenspan, em um discurso em 2 de outubro, em Londres. “A taxa de câmbio irá criar mais problemas econômicos do que eles imaginam”.

O governo será forçado a realizar novos aumentos nas taxas de depósito logo, de acordo com Dariusz Kowalczyk, chefe de investimentos no CFC Seymour Limited Hong Kong “O impacto será insignificante”, disse. “Quando você olha para o quanto é retirado do mercado monetário, em termos de iuan, não é suficiente para neutralizar o impacto da manutenção da taxa de câmbio”.