domingo, 14 de outubro de 2007

Um final de semana em Macau


Todos os finais de semana em Macau são iguais, não por isso chatos, muito pelo contrário, são cheios de surpresas.

Para mim, o final de semana é prolongado, começa na sexta-feira! Minha última aula da semana é na quinta de noite (Mandarim) e os artigos "Da China para o Brasil", na Macauhub, são publicados na sexta-feira de manhã, então também não trabalho na sexta de tarde.

Normalmente acordo tarde, por volta de 9h30, 10h. Mas nesta sexta, levantei às 10h30 e meu final de semana começou com um Café Pelé delicioso - o Antonio troxe do Brasil para a gente servir na Semana Internacional da Universidade de Macau (de 8 a 12 deste mês), mas sobrou um pouco e ele me deu.

Peguei meu computador, a bandeira do Brasil, uns textos da faculdade e fui para a área da Semana Internacional montar o stand brasileiro. Eu e o Antonio tínhamos que falar sobre o nosso país e sobre a FEA para os estudantes interessados em fazer intercâmbio. Na verdade, não foram muitos os que pediram informações, me parece que os jovens daqui preferem ir para a Europa ou ir para outras cidades chinesas. E a FEA tem um agravante: apenas dois cursos em inglês. Aqui na Faculdade de Negócios, Administração e Economia da Universidade de Macau quase todos os cursos são em inglês.

Depois da missão cumprida, fui a Macau colocar alguns postais no correio e passei no restaurante da Maria - brasileira que vive aqui há 17 anos e que fez uma feijoada de verdade para eu e o Antonio servirmos na universidade - para devolver uma tupperware. De lá, voltei pra Taipa para jogar squash. Minhas aulas são às terças e sextas das 18h as 20h, mas cheguei um pouco antes e joguei algumas partidas contra o Damian (belga), Alex (francês) e Antoine (belga).

Depois da aula (em cantonês), tomei um banho e fui jantar com os filipinos, as portuguesas e o Antonio. A gente já experimentou quase todos os restaurantes chineses da Taipa e, nesta sexta, repetimos o Village, que não é tão sujo, tem o preço razoável e a comida é gostosinha.

De lá pegamos um táxi para o Venetian. Depois de entrar em várias lojas, ver um ator cantar "O Sole Mio" em uma das gôndolas, fomos para a área do jogo. Sentamos na mesma mesa de roleta eletrônica de sempre, colocamos nossos 100, ou 150 Hong Kong Dólares (cerca de R$ 25 a R$40) e começamos a pedir as bebidas. É sempre assim. Desta vez ganhei menos, mas ganhei.
A noite ficou mais empolgante depois que o Kristian (filipino, namorado da Tori) encontrou seu amigo Rick, um australiano endinheirado passando férias no Venetian. Começamos a acompanhar as jogadas do nosso "novo amigo".

Muito diferente da gente (que não se atreve a jogar mais que 100 HKD), ele jogou logo 500 HKD na roleta eletrônica. Perdeu tudo, depois ganhou 600, depois perdeu de novo, perdi as contas, mas em 10 segundos ele ganhou por volta de 300. Mas isso não foi nada, porque na roleta de verdade, ele chegou e jogou 20 mil na mesa.

Não fiquei até o final para ver se ele saiu perdendo ou ganhando, mas é por essa e tantas outras como essa que eu gosto do Venetian.

Gosto de observar o comportamento dos jogadores, a maioria chineses, e fico tentando entender porque eles ficam horas e horas ali perdendo dinheiro. E não são poucos, são muitos jogadores, não dá para saber quem é rico, quem não é tão rico assim, ou quem é pobre. Mas dá pra ver que os mais jovens, com jeito de estudante, são os únicos que estão ali só por farra, e que conseguem se divertir de uma forma saudável. Talvez também alguns dos idosos, mas tenho uma sensação bem negativa em relação às motivações dos jogadores entre os 30 e 55 anos.

O jogo mais popular nos cassinos daqui é o Baccarat, que foi lançados no final dos anos 1930, quando as famílias Fu e Ko tinham licenças exclusivas para operar o jogo em Macau.

--- INDÚSTRIA DO JOGO EM MACAU ----

Vale agora uma pequeno parágrafo sobre a história dos cassinos macaenses:

A indústria do jogo em Macau começou por volta de 1840, depois da Guerra do Ópio. Em 1860, já haviam mais de 2000 casas de jogo por aqui. Em 1937 as famílias Fu e Ko receberam licenças exclusivas e em 1962 a Sociedade de Turismo Diversoes de Macau (STDM) ganhou uma franquia das famílias Fu e Ko para poder operar. Grupos estrangeiros começaram a negociar para conseguirem entrar no setor e em 2001 o governo de Macau decidiu permitir 3 licenças.

Hoje a STDM, do Magnata Stanley Ho, chama-se Sociedade de Jogos de Macau S.A. (SJM) e é o maior grupo da cidade, e detém, entre outros, o Grand Emperor Hotel, que guarda a curiosidade de ter parte de suas ações minoritárias nas mãos do ator chinês Jackie Chan.

Os principais concorrentes da SJM são o grupo Sands - que é do norte-americano Las Vegas Sands, e que controla os cassinos Sands e o gigante Venetian -, o Galaxy, o Wynn e MGM. Dois destes são participados pelos filhos de Stanley Ho. Estou fazendo um gráfico para mostrar direitinho como estão distribuídos os cassinos e assim que estiver pronto eu posto aqui no blog.

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Voltando ao final de semana, depois no Venetian voltei para casa por volta de 2h30 e no sábado de manhã fui para Macau com a Poka. Foi um dia delicioso: sem sol, sem chuva, um pouco de vento, mais um pouco de cultura chinesa, um pouco de compras e sorvete esquisito de vegetais e feijão.

O mais especial foi encontrar um senhor vendendo um doce colorido que eu não sei o nome, porque não consegui memorizar em chinês e a Poka não sabe se existe um nome inglês para ele. Ela disse que costumava comer quando era bem pequena e que não via alguém vender há uns dez anos. Paramos no carrinho, ela comprou um para mim, um para ela e, enquanto comíamos, um monte de gente começou a aparecer para comprar.

Eu quis esperar todo mundo ir embora para tentar conversar com o senhor. Queria aproveitar que tinha uma interpréte! Mas logo na primeira pergunta (Há quantos anos o senhor vende esse doce aqui em Macau?), uma frustração: ele só falava cantonês.

Então a única coisa que posso escrever sobre esse senhor é que ele é de Macau ou Hong Kong, pois em nenhum outro lugar do mundo se fala essa língua louca que é o cantonês. E também posso dizer que o senhor aparentava uns 80 anos, era tímido e tinha um carrinho bem legal: com várias fotos do próprio carrinho, algumas bem antigas, uma foto de um jornalista de alguma rede de televisão fazendo uma entrevista com ele, algumas notas de dinheiro antigas e os ingredientes para o doce.

O sabor é gostoso, é um melado doce, nada mais. Este senhor servia o melado em um palitinho, com dois biscoitos cracker, um por cima, um por baixo.

Depois do doce passeamos no Largo do Senado - um calçadão com diversas lojas e fast foods, incluindo McDonalds, Starbucks e Pizza Hut - e depois voltamos para casa.

Cheguei em casa, o East Asia Hall, e deitei para descansar meia hora. Dormi duas horas e meia.
De noite encontrei o Denis, um brasileiro que é professor de Direito na Universidade, e mais dois jornalistas brasileiros que chegaram ontem a Macau. Foomos jantar em Coloane com vários brasileiros e portugueses, a maior parte deles professores.
Hoje, domingo, acordei, lavei umas roupas, arrumei o quarto, estudei, almocei, estudei de novo e postei no blog. Mais tarde talvez encontre uma turminha para jantar.

Espero ter conseguido criar uma idéia de como é um final de semana aqui em Macau. Nem todos são iguais, mas não são muito diferentes deste. Entre as variáveis mais comuns estão uma ida a Zhuhai, um jogo de squash, uma missa na Vila de Taipa e um almoço ou jantar diferente.

Bom dia pra vocês no Brasil, que agora vou jantar!

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha filha!Continue escrevendo, nós estamos adorando!!!!
Deus Te A e P. Eu Te Amo.

OLI NA CHINA disse...

Que bom, mã!
Sugestões e críticas são muito bem-vindas, ok?
Te Amo!
Estou com saudades!