domingo, 14 de outubro de 2007

Economia da China: reservas bancárias, inflação, excedente comercial

Ontem a Bloomberg publicou um artigo sobre o aumento da taxa de depósitos que o governo chinês exige que os bancos mantenham em reserva. O texto é um pouquinho longo, mas mostra alguns outros aspectos da economia chinesa hoje. Vale a pena ler! Em inglês, está no site da Bloomberg http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=aBh82uFocfVM&refer=home
(Críticas e sugestões para a tradução do texto são muito bem-vindas!)

China exige maiores reservas aos bancos

Oct. 13 (Bloomberg) -- China elevou a proporção de depósitos que os bancos têm que manter em reserva pela oitava vez este ano, para arrefecer especulação em ações e no mercado imobiliário e refrear a inflação, que tem sido a mais veloz nos últimos dez anos.

A partir de 25 de outubro os bancos precisam de ter 13% dos depósitos em reservas, contra 12,5%, disse o Banco do Povo Chinês (People's Bank of China) em seu website. A porcentagem exigida é a mais elevada em quase uma década.

Sete aumentos nas reservas obrigatórias e cinco de elevações no juro este ano podem não ter sido suficientes para interromper a expansão maior que 11% da economia chinesa no terceiro trimestre, deve revelar um ralatório governamental na próxima semana.

Enormes exportações têm bombeado dinheiro nesta que é a economia de crescimento mais rápido do mundo, impulsionando a inflação e os mercados de ações e imobiliário.

“Eles estão claramente preocupados com a inflação, porque ela saiu do controle”, disse Dariusz Kowalczyk, chefe estrategista investimento em CFC Seymour Ltd. em Hong Kong. A inflação “cria bolhas em ativos pois, quando é alta, poupar dinheiro pode não fazer sentido para as pessoas, elas preferem investir em imóveis ou no mercado de ações”.

Os preços ao consumidor na China subiram 6,5% em agosto, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o maior salto desde dezembro de 1996. A taxa violou a meta do governo, de 3%, pelo quarto mês consecutivo, com o aumento dos custos dos alimentos. A inflação foi motivo de protestos que levaram à repressão na Tiananmen Square, a Praça da Paz Celestial, em 1989.

O superávit comercial da China saltou 56% em setembro, segundo informações oficiais divulgadas na última semana, para US$ 185,65 bilhões para os primeiros nove meses do ano, mais do que os US$ 177,5 bilhões de todo o ano passado.

Oferta de moeda

A oferta de moeda e crédito está aumentando porque o governo quer manter o iuan depreciado, forçando o banco central chinês a verder moeda e bombar dinheiro para o sistema bancário. Parte deste dinheiro está encontrando seu caminho em ações, empurrando o Índice CSI 300 para uma valorização de 181% este ano. A oferta de moeda cresceu 18,5% em setembro.

Na próxima semana o governo chinês deve anunciar um crescimento de 11,5% da economia chinesa, a quarta maior do mundo, no terceiro trimestre, de acordo com a média das estimativas de 14 economistas consultados pela Bloomberg News.

De 20 mil famílias entrevistadas para o relatório trimestral do banco central chinês divulgado em 20 de setembro, um recorde de 61,3% disseram que esperam que a inflação vá acelerar no quarto trimestre.

As expectativas para a inflação

“A inflação é uma prioridade para os tomadores das decisões políticas porque na China não é apenas um problema econômico, mas também um risco político”, disse Chris Leung, economista sênior do DBS Bank Ltd, em Hong Kong. “O governo chinês quer uma "sociedade harmoniosa", mas como é que podem ter um com os preços subindo?”

A inflação está aumentando os riscos de agitação social. Enquanto isso, o Partido Comunista se prepara para o seu 17o Congresso Nacional, um encontro que acontece a cada cinco anos. A edição deste ano começa na próxima segunda-feira, 15 de outubro, e irá discutir e implementar mudanças nas lideranças políticas do país.

China tomou outras medidas para combater alta dos preços

Todos os preços regulados pelo governo foram congelados até ao final do ano e o Estado tem reforçado o abastecimento de grãos, vegetais e suínos. O banco central chinês também tem vendido notas para retirar dinheiro do sistema financeiro.

Poupanças

Preços de ações e de imóveis subiram com as famílias tirando dinheiro de depósitos bancários com baixos rendimentos. A poupança doméstica caiu 41,8 bilhões de iuan (US$ 5,56 bilhões, R$ 9,96 bilhões) em agosto, em relação ao mês anterior. Os preços de imóveis saltaram 20,8% em Shenzhen e 12,1%, em Pequim em agosto.

China tem resistido a apelos dos Estados Unidos e da Europa para deixar que sua moeda se fortaleça a um ritmo mais rápido, o que poderia baratear as importações e aliviar a pressão sobre os preços domésticos, além de contribuir para conter o aumento do excedente comercial.

O iuan ganhou 10%, para 7,51 frente ao dólar, desde o fim da taxa de câmbio fixa, em 2005.

“A não ser que a China permita o aumento da taxa de câmbio, estou preocupado com a estabilidade do sistema econômico, disse o ex-chairman do Federal Reserve, Alan Greenspan, em um discurso em 2 de outubro, em Londres. “A taxa de câmbio irá criar mais problemas econômicos do que eles imaginam”.

O governo será forçado a realizar novos aumentos nas taxas de depósito logo, de acordo com Dariusz Kowalczyk, chefe de investimentos no CFC Seymour Limited Hong Kong “O impacto será insignificante”, disse. “Quando você olha para o quanto é retirado do mercado monetário, em termos de iuan, não é suficiente para neutralizar o impacto da manutenção da taxa de câmbio”.

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